Com o avanço da tecnologia, cada vez mais surgem formas
diferentes de garantir o aquecimento das casas e aumentar o conforto das
habitações. Contudo, nós enquanto consumidores domésticos devemos estar bem
atentos às ofertas existentes no mercado.
Nesse sentido, resolvi partilhar a nossa experiência quanto ao
nosso sistema de aquecimento, uma vez que nos deparamos com alguns problemas,
bem como alguma desinformação.
Há 2 anos, quando ponderámos as formas de aquecimento a
implementar na nossa casa, optamos por sistema de aquecimento a pellets, uma
vez que, além de ser uma tecnologia "mais verde" é fácil de
transportar (vende-se aos sacos de 15 kg em qualquer grande superfície), mais
limpa (não faz grandes resíduos), fácil de arrumar (em comparação por exemplo
com a tradicional lenha) e fica mais económica (em comparado com o gás ou o
gasóleo). Além do mais, a minha mãe já tinha na casa dela e não tinha razões de
queixa em termos de funcionamento do equipamento. Assim, foi a opção que
tomamos.
No primeiro ano o nosso equipamento não funcionou como eu
estaria à espera... não sei se foi do tipo de equipamento ou do instalador, o
que é certo é que tivemos alguns problemas com ela, fazendo com que solicitasse
apoio técnico / manutenção no fim do verão. Além de que no inverno passado
(2014/2015) os sacos de pellets não estariam tão acessíveis (preço) como
estávamos a contar. Assim, no final do inverno reflectimos sobre a
questão e chegamos à conclusão que para este inverno, deveríamos tentar comprar
em grandes quantidades, ou seja, à tonelada, no sistema bigbag. Assim fizemos! MAL MAL
MAL!
Primeiro, o preço dos sacos de pellets desceram, uma vez que o
inverno começou mais tarde, depois porque dado a estrutura física da nossa casa
tivemos que andar a passar as pellets do bigbag para sacos mais pequenos e, por
último, as pellets que adquirimos não são de boa qualidade (são industriais) o
que fez com que dois meses após usarmos na nossa caldeira essas pellets
tenhamos novamente problemas de funcionamento no equipamento. Além do mais,
estas pellets algum cheiro (tipo queima de plástico), além de que faz muitos
resíduos (faz resíduos equivalente a utilização de 2 semanas das pellets
vendidas nos sacos de 15 kg) e pó.
Conclusão:
Embora economicamente mais favoráveis, as pellets que adquirimos
não são certificadas, o que poderá trazer consequências a médio-longo prazo
para o equipamento e, para o ambiente da habitação. Outro ponto a ter em conta,
é o facto de que se o equipamento avariar devido à utilização destas pellets,
perde-se automaticamente a garantia do equipamento.
Assim, aconselho a toda a gente a utilizar pellets certificadas.
E perguntam vocês: "o que é isso de pellets certificadas???"
Os pellets de madeira são produzidos, maioritariamente, a partir
de sub produtos da indústria de transformação da madeira, como aparas ou
serrim. A peletização é atualmente a forma mais económica, quer financeira,
quer energeticamente de converter biomassa num combustível de elevada densidade
energética e qualidade consistente, sendo uma das fontes de energia com maior
crescimento na Europa e no mundo.
O sistema de certificação ENplus surgiu como uma forma de
uniformizar os requisitos de qualidade para pellets de madeira a nível Europeu.
Apoiando-se na norma europeia EN 14961-2 publicada em 2011, a certificação
ENplus estabeleceu-se como uma marca de confiança para consumidores finais e
distribuidores por toda a Europa. O sistema de certificação ENplus garante a
qualidade do produto desde a produção até ao consumidor final.
Os sacos de pellets certificados devem ter, bem visível, o selo
ENplus acompanhado pelo número de identificação individual do produtor
certificado como se pode ver nos exemplos em baixo.
Para além destes elementos, o saco deverá contar com a morada do
produtor certificado, assim como as principais características do pellet, tais
como, o poder calorífico, diâmetro e teor de cinza.
O número de identificação conta com o código do país da sede da
empresa certificada (PT para Portugal) e três algarismos de seguida referentes
a cada empresa. As empresas certificadas e o seu respetivo número de
identificação podem ser consultadas no site enplus-pellets.eu ou
em anpeb.pt.
Todos os pellets certificados vendidos em sacos de 15 kg deverão conter estas
informações, caso contrário, não são considerados como tal. Desta forma, sacos
transparentes, sem marca, não são pellets certificados.
Associado
ao simbolo de certificação, a classe A1 define o produto de primeira
qualidade usado em caldeiras domésticas e salamandras. Pellets de qualidade A1
produzem a menor quantidade de cinza e preenchem os mais elevados requisitos. A
Classe A2 é usada em aplicações maiores e produz mais cinza. As pellets que
adquirimos não são A2 e muito menos A1, sendo que a produção de resíduos é
enorme.
Conselho de Amiga... fiquem atentos :)
M.M.