quarta-feira, 13 de abril de 2016

Aquecimento de interiores - Pellets certificadas ou não certificadas, eis a questão?


Com o avanço da tecnologia, cada vez mais surgem formas diferentes de garantir o aquecimento das casas e aumentar o conforto das habitações. Contudo, nós enquanto consumidores domésticos devemos estar bem atentos às ofertas existentes no mercado.
Nesse sentido, resolvi partilhar a nossa experiência quanto ao nosso sistema de aquecimento, uma vez que nos deparamos com alguns problemas, bem como alguma desinformação.

Há 2 anos, quando ponderámos as formas de aquecimento a implementar na nossa casa, optamos por sistema de aquecimento a pellets, uma vez que, além de ser uma tecnologia "mais verde" é fácil de transportar (vende-se aos sacos de 15 kg em qualquer grande superfície), mais limpa (não faz grandes resíduos), fácil de arrumar (em comparação por exemplo com a tradicional lenha) e fica mais económica (em comparado com o gás ou o gasóleo). Além do mais, a minha mãe já tinha na casa dela e não tinha razões de queixa em termos de funcionamento do equipamento. Assim, foi a opção que tomamos.

No primeiro ano o nosso equipamento não funcionou como eu estaria à espera... não sei se foi do tipo de equipamento ou do instalador, o que é certo é que tivemos alguns problemas com ela, fazendo com que solicitasse apoio técnico / manutenção no fim do verão. Além de que no inverno passado (2014/2015) os sacos de pellets não estariam tão acessíveis (preço) como estávamos a  contar. Assim, no final do inverno reflectimos sobre a questão e chegamos à conclusão que para este inverno, deveríamos tentar comprar em grandes quantidades, ou seja, à tonelada, no sistema bigbag. Assim fizemos! MAL MAL MAL!

Primeiro, o preço dos sacos de pellets desceram, uma vez que o inverno começou mais tarde, depois porque dado a estrutura física da nossa casa tivemos que andar a passar as pellets do bigbag para sacos mais pequenos e, por último, as pellets que adquirimos não são de boa qualidade (são industriais) o que fez com que dois meses após usarmos na nossa caldeira essas pellets tenhamos novamente problemas de funcionamento no equipamento. Além do mais, estas pellets algum cheiro (tipo queima de plástico), além de que faz muitos resíduos (faz resíduos equivalente a utilização de 2 semanas das pellets vendidas nos sacos de 15 kg) e pó.

Conclusão:
Embora economicamente mais favoráveis, as pellets que adquirimos não são certificadas, o que poderá trazer consequências a médio-longo prazo para o equipamento e, para o ambiente da habitação. Outro ponto a ter em conta, é o facto de que se o equipamento avariar devido à utilização destas pellets, perde-se automaticamente a garantia do equipamento.

Assim, aconselho a toda a gente a utilizar pellets certificadas. E perguntam vocês: "o que é isso de pellets certificadas???"

Os pellets de madeira são produzidos, maioritariamente, a partir de sub produtos da indústria de transformação da madeira, como aparas ou serrim. A peletização é atualmente a forma mais económica, quer financeira, quer energeticamente de converter biomassa num combustível de elevada densidade energética e qualidade consistente, sendo uma das fontes de energia com maior crescimento na Europa e no mundo.

O sistema de certificação ENplus surgiu como uma forma de uniformizar os requisitos de qualidade para pellets de madeira a nível Europeu. Apoiando-se na norma europeia EN 14961-2 publicada em 2011, a certificação ENplus estabeleceu-se como uma marca de confiança para consumidores finais e distribuidores por toda a Europa. O sistema de certificação ENplus garante a qualidade do produto desde a produção até ao consumidor final.



Os sacos de pellets certificados devem ter, bem visível, o selo ENplus acompanhado pelo número de identificação individual do produtor certificado como se pode ver nos exemplos em baixo. 



Para além destes elementos, o saco deverá contar com a morada do produtor certificado, assim como as principais características do pellet, tais como, o poder calorífico, diâmetro e teor de cinza. 

O número de identificação conta com o código do país da sede da empresa certificada (PT para Portugal) e três algarismos de seguida referentes a cada empresa. As empresas certificadas e o seu respetivo número de identificação podem ser consultadas no site enplus-pellets.eu ou em anpeb.pt. Todos os pellets certificados vendidos em sacos de 15 kg deverão conter estas informações, caso contrário, não são considerados como tal. Desta forma, sacos transparentes, sem marca, não são pellets certificados.


Associado ao simbolo de certificação, a classe A1 define o produto de primeira qualidade usado em caldeiras domésticas e salamandras. Pellets de qualidade A1 produzem a menor quantidade de cinza e preenchem os mais elevados requisitos. A Classe A2 é usada em aplicações maiores e produz mais cinza. As pellets que adquirimos não são A2 e muito menos A1, sendo que a produção de resíduos é enorme.


Conselho de Amiga... fiquem atentos :)

M.M.