Bem, hoje entusiasmei-me com as tradições celtas... e já que contei a a lenda de Jack o'lanterns vou falar um pouco do Hallowe'en. Afinal, de há uns anos para cá tornou-se tradição festejar o Halloween (mais corretamente Hallowe'en) no nosso país. É uma festividade recente em Portugal, preconizada pelo ensino do inglês nas escolas e que nos trouxe esta tradição celta, tradicionalmente festejada a 31 de outubro, véspera da festa cristã ocidental do Dia de Todos os Santos.
O "Hallowe'en" tem a origem numa tradição muito mais antiga, o Samhain.
A celebração celta do Samhain tinha como objetivo dar culto aos mortos e à
deusa YuuByeol (símbolo antigo da perfeição celta). O Samhain, é um termo de
origem gaélica que significa “o fim do verão”, dando o início do inverno e o fim das colheitas dando iniciava o novo ano
celta.
A invasão das Ilhas Britânicas pelos Romanos (46 A.C.) acabou
unindo a cultura latina com a celta, sendo que esta última acabou minguando com
o tempo. No fim do século II, com a evangelização desses territórios, a
religião dos Celtas, chamada druidismo, já tinha desaparecido na maioria das
comunidades.
A partir do século VII, com a instituição do dia de
Todos os Santos no dia 1 de Novembro, pelo papa o Papa Bonifácio IV,
a celebração vespertina ou vigília (31 de outubro) ganhou novo fôlego nas ilhas
britânicas. No século XIII o Dia de Todos os Santos foi
calendarizado pela Igreja e a festividade era celebrada de forma semelhante ao
Samhain celta, com fogueiras, paradas e pessoas mascaradas de santos, anjos e
demónios. Na tradução para o inglês, essa vigília era chamada All Hallow’s Eve (Vigília de Todos
os Santos), passando depois pelas formas All Hallowed
Eve e "All Hallow Een" até chegar à palavra
atual "Halloween".
Durante o Samhain, os antepassados eram honrados através de
oferendas. Na Irlanda e na Escócia celta, era costume acenderem-se fogueiras no
topo das colinas, os chamados “hallowe’en fires” (os “fogos de
hallowe’en”). Estes fogos, em honra dos familiares já falecidos, serviam também
para purificar as pessoas e a terra, de modo a afastar os demónios, que eram
mais fortes nesta altura do ano. Na Escócia, serviam também para afastar e
destruir as bruxas. Apesar de muitas das tradições celtas se terem perdido com
a cristianização, os “hallowe’en fires” continuaram a arder no topo das colinas
até cerca de finais do século XIX.
Na segunda metade
do século XIX, os Estados Unidos da América receberam um grande número de
imigrantes irlandeses. Este movimento ajudou a espalhar e a popularizar a
celebração do Halloween. Os norte-americanos começaram a mascarar-se e a pedir dinheiro ou
comida de porta em porta, uma prática que acabou por se tornar no atual
“trick or treat” (“doce ou travessura”). Com o vandalismo a tradição acabou por
cair em desuso e só meio do século XX a tradição do “trick or treat” foi reanimada. Esta tradição tem origem nas primeiras
comemorações do Dia dos Fiéis Defuntos em Inglaterra. Nesse dia, os pobres
costumavam pedir comida de porta em porta. As famílias davam-lhes pequenos
bolos chamados “soul cakes” (“bolos da alma”) em troca de uma oração pelos seus
familiares já falecidos.